Fim do constragimento nos ônibus para obesos
Diário de Pernambuco: Por Juliana Colares
Com 1,05 m de altura e 40 cm de largura, a catraca do ônibus de linha não é para qualquer um. Num país onde 15% dos adultos que moram nas capitais são obesos, a roleta vira um obstáculo difícil ou até impossível de transpor. Só quem encara o desafio sabe como ele pode ser constrangedor. Nos ônibus operados pelo Grande Recife, na região metropolitana da capital pernambucana, uma portaria já garante aos obesos o direito de pagar a passagem sem ter que cruzar a catraca.
Benefício que poderá virar lei.
O projeto 766 / 2012, que deve entrar em votação na Assembleia Legislativa de Pernambuco neste mês, trata do assunto. Se aprovado, o direito de optar por não cruzar a catraca ganhará força de lei. Mas a obrigatoriedade de pagar a passagem não deixará de existir. O texto tenta expandir o benefício aos usuários de trens, metrôs, ônibus e micro-ônibus de todo o estado. Mas por se tratar de legislação estadual, ela só poderá ser aplicada nos sistemas de transporte público operados por órgãos do governo do estado, como os ônibus geridos pelo Grande Recife. Sua abrangência não chegará aos metrôs e trens (de responsabilidade do governo federal), nem aos sistemas de transporte intramunicipais, de responsabilidade das prefeituras.
O projeto é de autoria do deputado Ricardo Costa (PTC).
A Portaria nº134, que está em vigor desde 2007 e vale para os ônibus de transporte público que circulam na Região Metropolitana do Recife, garante aos obesos a possibilidade de utilizar a área reservada antes da catraca ou entrar pela porta de desembarque, quando os assentos reservados a idosos e pessoas com deficiência estiverem ocupados. “Caso apresente mobilidade reduzida, (os obesos) podem ainda usar a plataforma elevatória”, informou a assessoria de imprensa do Grande Recife, em nota.
Em qualquer situação, é preciso pagar a passagem.
Edilma Maria da Silva, 37, não consegue mais passar pela catraca. Da última vez que se pesou, a mulher de 1,60 m estava com 160 kg. “Faz tempo que eu não passo pela catraca. Ou fico na frente ou pago e entro pela porta de trás. E não tenho problema com os motoristas”, contou. Com 139 kg, Francisco de Assis Ferrão, 46, senta nas cadeiras da parte da frente do ônibus, antes da catraca, há dois anos. Ele lembra bem dos constrangimentos que já passou ao tentar cruzar a catraca, no passado. “Antes era difícil.O espaço é muito pequeno”.
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